ABRAS: Economia mundial favorecerá o Brasil

Ele explica que esse crescimento econômico mundial favorece países como o Brasil, que têm forte exportação de commodities – minério de ferro, soja, partes de carnes – e outros produtos.
“Quando isso ocorre você tem uma inflação mais elevada, as taxas de juros sobem. Mas isso não está ocorrendo. A inflação está muito baixa. As nossas empresas se beneficiam de juros baixos, o que facilita investimentos. Portanto, é um cenário desejável”, diz. “O único risco que eu vejo nesse cenário é que, se ele mudar, provavelmente vai ser para pior. Melhor do que isso não dá para ser”, completa. Ainda segundo ele, o crescimento mundial está mais equilibrado, não sendo mais liderado apenas pela China, ocorrendo em outras regiões como a Europa.
Para Kawal, a economia nacional deverá voltar à atividade positiva no ano que vem. Comparando o País a um paciente, ele disse que o Brasil estava na UTI em 2016 e, tendo apresentado melhoras no primeiro semestre de 2017, começou neste segundo semestre a dar os primeiros passos na longa reabilitação.
Como sinais dessa “reabilitação” ele cita a alta do Produto Interno Bruto (PIB), inicialmente amparada na safra agrícola. No segundo trimestre, a elevação do PIB, apesar de ficar em apenas 0,2%, veio acompanhada do crescimento do consumo. “Consumo é 70% do PIB brasileiro. Se o consumo cai, é difícil o PIB estar no território positivo”, explica.
Outro indicador positivo é a redução da taxa de desemprego, o que estabiliza a confiança e incentiva o consumo. Mas ele acredita que a queda na taxa de desemprego vai ser lenta, podendo levar de 4 a 5 anos para voltar a um dígito. No auge, o índice de desemprego no País chegou a 13,2%.
Kawal ainda ressalta como boas notícias a inflação baixa - que deve ficar em 3,3% este ano e em 4% em 2018 - e a queda dos juros. “Para o final de 2017 a taxa Selic deve fechar em 7%, podendo ir a 6,5% ao final do primeiro trimestre de 2018. Não nos parece que vai ser uma queda artificial, pontual. Acreditamos que podemos sustentar essa taxa de juros baixa até pelo menos o início de 2019 e não acreditamos que quando ela subir, volte ao patamar de dois dígitos”, declarou.
Outros fatores enumerados para um cenário positivo são a reforma trabalhista, melhora no crédito pessoa física e redução do endividamento das famílias.
Por outro lado, os investimentos só deverão ser retomados em 2018. “A ociosidade é muito grande e um setor muito importante da economia, que é o setor de construção, está muito afetado pela crise e também pela operação Lava Jato”, diz.
Desafios - Para Kawal, a “dramaticidade” da crise brasileira se encontra no déficit público que deve ficar este ano em R$ 159 bilhões. “Déficit público muito alto só tem solução via reformas, especialmente a da Previdência. Claro que se a economia cresce, melhora a receita do governo, mas isso não vai resolver”, declarou.
Para ele, a incerteza eleitoral também pode comprometer o cenário da retomada econômica. “Se o quadro eleitoral caminhar em direção a um candidato populista e descomprometido com as reformas, a gente vai reverter esse cenário de retomada da economia”, disse.
Por fim, o economista projeta que o dólar chegue ao final deste ano a R$ 3,20, “sendo factível que possa chegar a alto como R$ 3,10 ou R$ 3”, e que o PIB deste ano fique em 0,6% e, no em 2018, chegue a 2,5%.
Fonte: Diário do Comércio de Minas