Cartazistas falam sobre a profissão nos supermercados
Os cartazes de ofertas e promoções são figuras conhecidas dos clientes nos supermercados. Os números grandes, normalmente em vermelho, representam chamarizes para os produtos que os estabelecimentos desejam ofertar, em uma linguagem já bastante conhecida dos consumidores. Não tão conhecidos, porém, são os profissionais cartazistas, que, em expediente integral, confeccionam os anúncios que serão lidos e procurados pelos clientes.
Há 17 anos, Paulo Vieira é um deles. O cartazista começou na carreira em São Paulo, e hoje trabalha em um supermercado de Curitiba. Ao longo dos anos, ele cultivou experiências em uma profissão que, ele admite, muitos desconhecem. "Já passei por várias situações, preenchendo cadastro, por exemplo, em que a pessoa pergunta a profissão e eu respondo: Cartazista. Eles já perguntam que profissão é essa, gera uma curiosidade", conta.
A verdade é que Vieira não se importa de explicar e falar sobre a profissão. Apaixonado pelo que faz, chegou a recuar diante de uma promoção que o faria mudar de área na empresa. "Eu fui promovido para encarregado de setor, e recebi aqui do Condor uma sala bem diferenciada. Mas não me adaptei. Eu trabalho como cartazista há 17 anos, estou terminando um curso de design gráfico, minha área é essa", recorda, sem arrependimentos.
Além do curso prestes a ser concluído, Vieira já se especializou em desenho artístico publicitário, e fez cursos de letrista e desenhista. "Para mim é gratificante poder aplicar aqui na empresa todo o conhecimento que adquiri", diz. Entretanto, ele garante que, com treinamentos, em quatro meses qualquer pessoa consegue começar a dar os próprios passos na profissão. "Não tem discriminação - homem, mulher, jovem, velho. Tem que treinar a técnica, o traço, e depois é só utilizar a criatividade".
Técnica
Entre o pessoal do ramo, se fala em "Bê-á-bá do cartazista". "A gente tem técnica do ‘1,2,3'. Se você perceber, a gente puxa, em todas as letra, três traços. Usamos essa técnica para não sair do padrão, é uma tendência comercial", explica Vieira. Tendências também são as cores vermelha - para os números - e preta - para as letras. "É para destacar mais, o cliente dá uma olhada e grava automaticamente", justifica. "Os dizeres a gente coloca mais tímido, em preto, e deixa os destaques paras os números".
Outro ponto importante é aprender a utilizar o braço todo para desenhar - não apenas a "munheca", explica o cartazista. "Você usa o braço como se fosse um compasso, e o minguinho serve como apoio para você fazer os círculos e os traços".
Conhecimentos como esses podem ser adquiridos em cursos, geralmente online, ou por correspondência. Os cursos presenciais ocorrem sem frequência definida, normalmente organizados por associações de supermercados. Para Vieira, porém, o que vale mesmo é a criatividade de cada cartazista. "Na parte criativa a gente busca traços que chamem a atenção. Não fica muito certinho, porque a gente procurar dar ‘look' melhor", diz.
A criatividade, porém, esbarra nos limites dos cartazes. "Um respeito que nós temos que ter é com o espaço de cada cartaz. Temos que saber distribuir corretamente as inscrições que fazemos - bater o olho para saber como distribuir bem e chamar a atenção. Isso tudo, lembra o cartazista, faz parte do "Bê-á-bá".
Rotina
A rotina de trabalho dos cartazistas começa, na maior parte das vezes, no dia anterior. O pouco tempo livre que sobra durante o expediente, é utilizado para rascunhar e preparar as ofertas que deverão ser expostas no dia seguinte. "Os encarregados e gerentes de departamento vêm com as ofertas para nós, e nós executamos o nosso trabalho. Já sabemos os tamanhos de cartazes e procedimentos, então, se tem um produto que eles vão vender mais barato, a gente já se programa e destaca. Quando chega na hora da venda, o cartaz já está pronto, é só colocar", detalha Vieira.
A maior parte do trabalho é feito na própria sala dos cartazistas, mas também é possível vê-los rodando pelas fileiras e gôndolas dos supermercados, com pincel e cartazes nas mãos. "Quando a empresa lança um tabloide novo de ofertas, nós temos que cartazear os produtos que são divulgados. É uma responsabilidade muito grande, não podemos deixar faltar cartaz para esses produtos", explica.
Além dos anunciados, a ronda pelos corredores também serve para destacar a menor oferta de cada setor. "Para facilitar a operação da loja, uma vez por semana a gente vem fazer o ‘check-list do cartazista'. A gente vê o produto na área de venda e destacamos o mais barato. Mas de maneira bem leve, sem sobrecarregar cada setor".
O trabalho do cartazista não se resume, entretanto, à confecção dos anúncios. A estratégia de posicionamento de cada cartaz é pensada individualmente, sempre com objetivo de facilitara procura dos clientes pelos produtos. "É um trabalho diferenciado, nós colocamos cartazes na área externa da loja, no hall, no estacionamento. O objetivo é que o cliente já dê de cara com o produto bem destacado, é uma estratégia de venda".
Para Vieira, essa característica ampla do trabalho do cartazista é uma das coisas que mais o motivo no dia-a-dia. "É gratificante, a gente passa a ter um relacionamento diferente com o cliente", resume.
Aprendiz
Para entender a extensão do desconhecimento sobre a profissão, não é preciso ir muito longe. Rosimeire Vasconcelos, de 20 anos, admite que nunca havia ouvido falar sobre o assunto antes de ingressar na carreira de cartazista, há dois anos. Com o "agravante" de já trabalhar no mesmo mercado, como empacotadora. "Eu nem sabia que tinha essa profissão, mesmo trabalhando aqui no mercado. Eu só via os cartazes, mas nunca imaginei que fosse uma profissão", contou.
"Eu era aprendiz legal, e, quando ia fazer depois anos, me ofereceram o trabalho de cartazista", lembra. Nos dois anos de experiência, Rosimeire conta que aprendeu bem mais do que apenas a existência da profissão, e que o trabalho já mudou, inclusive, as visitas a mercados. "Em qualquer mercado que eu entro, já taco olho no cartaz para ver se tem algum defeito, já comparo com os meus", brinca.
Há 17 anos, Paulo Vieira é um deles. O cartazista começou na carreira em São Paulo, e hoje trabalha em um supermercado de Curitiba. Ao longo dos anos, ele cultivou experiências em uma profissão que, ele admite, muitos desconhecem. "Já passei por várias situações, preenchendo cadastro, por exemplo, em que a pessoa pergunta a profissão e eu respondo: Cartazista. Eles já perguntam que profissão é essa, gera uma curiosidade", conta.
A verdade é que Vieira não se importa de explicar e falar sobre a profissão. Apaixonado pelo que faz, chegou a recuar diante de uma promoção que o faria mudar de área na empresa. "Eu fui promovido para encarregado de setor, e recebi aqui do Condor uma sala bem diferenciada. Mas não me adaptei. Eu trabalho como cartazista há 17 anos, estou terminando um curso de design gráfico, minha área é essa", recorda, sem arrependimentos.
Além do curso prestes a ser concluído, Vieira já se especializou em desenho artístico publicitário, e fez cursos de letrista e desenhista. "Para mim é gratificante poder aplicar aqui na empresa todo o conhecimento que adquiri", diz. Entretanto, ele garante que, com treinamentos, em quatro meses qualquer pessoa consegue começar a dar os próprios passos na profissão. "Não tem discriminação - homem, mulher, jovem, velho. Tem que treinar a técnica, o traço, e depois é só utilizar a criatividade".
Técnica
Entre o pessoal do ramo, se fala em "Bê-á-bá do cartazista". "A gente tem técnica do ‘1,2,3'. Se você perceber, a gente puxa, em todas as letra, três traços. Usamos essa técnica para não sair do padrão, é uma tendência comercial", explica Vieira. Tendências também são as cores vermelha - para os números - e preta - para as letras. "É para destacar mais, o cliente dá uma olhada e grava automaticamente", justifica. "Os dizeres a gente coloca mais tímido, em preto, e deixa os destaques paras os números".
Outro ponto importante é aprender a utilizar o braço todo para desenhar - não apenas a "munheca", explica o cartazista. "Você usa o braço como se fosse um compasso, e o minguinho serve como apoio para você fazer os círculos e os traços".
Conhecimentos como esses podem ser adquiridos em cursos, geralmente online, ou por correspondência. Os cursos presenciais ocorrem sem frequência definida, normalmente organizados por associações de supermercados. Para Vieira, porém, o que vale mesmo é a criatividade de cada cartazista. "Na parte criativa a gente busca traços que chamem a atenção. Não fica muito certinho, porque a gente procurar dar ‘look' melhor", diz.
A criatividade, porém, esbarra nos limites dos cartazes. "Um respeito que nós temos que ter é com o espaço de cada cartaz. Temos que saber distribuir corretamente as inscrições que fazemos - bater o olho para saber como distribuir bem e chamar a atenção. Isso tudo, lembra o cartazista, faz parte do "Bê-á-bá".
Rotina
A rotina de trabalho dos cartazistas começa, na maior parte das vezes, no dia anterior. O pouco tempo livre que sobra durante o expediente, é utilizado para rascunhar e preparar as ofertas que deverão ser expostas no dia seguinte. "Os encarregados e gerentes de departamento vêm com as ofertas para nós, e nós executamos o nosso trabalho. Já sabemos os tamanhos de cartazes e procedimentos, então, se tem um produto que eles vão vender mais barato, a gente já se programa e destaca. Quando chega na hora da venda, o cartaz já está pronto, é só colocar", detalha Vieira.
A maior parte do trabalho é feito na própria sala dos cartazistas, mas também é possível vê-los rodando pelas fileiras e gôndolas dos supermercados, com pincel e cartazes nas mãos. "Quando a empresa lança um tabloide novo de ofertas, nós temos que cartazear os produtos que são divulgados. É uma responsabilidade muito grande, não podemos deixar faltar cartaz para esses produtos", explica.
Além dos anunciados, a ronda pelos corredores também serve para destacar a menor oferta de cada setor. "Para facilitar a operação da loja, uma vez por semana a gente vem fazer o ‘check-list do cartazista'. A gente vê o produto na área de venda e destacamos o mais barato. Mas de maneira bem leve, sem sobrecarregar cada setor".
O trabalho do cartazista não se resume, entretanto, à confecção dos anúncios. A estratégia de posicionamento de cada cartaz é pensada individualmente, sempre com objetivo de facilitara procura dos clientes pelos produtos. "É um trabalho diferenciado, nós colocamos cartazes na área externa da loja, no hall, no estacionamento. O objetivo é que o cliente já dê de cara com o produto bem destacado, é uma estratégia de venda".
Para Vieira, essa característica ampla do trabalho do cartazista é uma das coisas que mais o motivo no dia-a-dia. "É gratificante, a gente passa a ter um relacionamento diferente com o cliente", resume.
Aprendiz
Para entender a extensão do desconhecimento sobre a profissão, não é preciso ir muito longe. Rosimeire Vasconcelos, de 20 anos, admite que nunca havia ouvido falar sobre o assunto antes de ingressar na carreira de cartazista, há dois anos. Com o "agravante" de já trabalhar no mesmo mercado, como empacotadora. "Eu nem sabia que tinha essa profissão, mesmo trabalhando aqui no mercado. Eu só via os cartazes, mas nunca imaginei que fosse uma profissão", contou.
"Eu era aprendiz legal, e, quando ia fazer depois anos, me ofereceram o trabalho de cartazista", lembra. Nos dois anos de experiência, Rosimeire conta que aprendeu bem mais do que apenas a existência da profissão, e que o trabalho já mudou, inclusive, as visitas a mercados. "Em qualquer mercado que eu entro, já taco olho no cartaz para ver se tem algum defeito, já comparo com os meus", brinca.
Fonte: G1