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Nestlé mantém ritmo de investimento

Nestlé mantém ritmo de investimento A Nestlé, maior fabricante mundial de alimentos, registrou em 2013 seu mais fraco crescimento em quatro anos e avisou que a situação continuará difícil este ano. Mas seu presidente, Paul Bulcke, sinalizou que o grupo continua apostando nos emergentes e que os investimentos no Brasil continuarão "estáveis".

Em entrevista ao Valor, Bulcke deixou claro que não se inquieta com a atual turbulência dos mercados envolvendo os emergentes. Diferente do pessimismo do setor financeiro, o executivo destacou que "os emergentes estão realmente emergindo" e que a pujança desses países continua, só que "num ritmo mais normal e sustentável".

Em 2013, o dinamismo da Nestlé foi puxado pelos emergentes, incluindo o Brasil. A multinacional obteve 44% de seu faturamento nas economias emergentes. As vendas nesses mercados cresceram 9,3%, mais rápido do que os 8,8% dos nove primeiros meses. Em comparação, a expansão das vendas foi de apenas 1% nos países desenvolvidos e os preços tiveram de baixar.

Globalmente, o lucro líquido do grupo ficou em 10 bilhões de francos suíços em 2013 (US$ 10,8 bilhões, considerando a cotação média do ano), com queda de 2%, para um total de vendas de 92,2 bilhões de francos suíços (US$ 99,4 bilhões), o que representa um aumento de 2,7% sobre 2012.

No Brasil, as vendas cresceram dois dígitos, que a empresa não revela. Em francos suíços, a receita foi de 5,116 bilhões no país (cerca de R$ 11,9 bilhões), ante 5,054 bilhões em 2012. Com a desvalorização do real, isso resulta em queda de 10,4% na consolidação do resultado em franco suíço comparado ao câmbio do ano anterior.

Desta vez, o Brasil caiu de terceiro para quarto maior mercado para o grupo, com a ascensão da China. A classificação agora é Estados Unidos, China, França e Brasil.

O vice-presidente para as Américas, Chris Johnson, avisou que as vendas no Brasil "devem continuar aumentando" em 2014. Ele destacou que o grupo vendeu no mercado brasileiro muito leite Ninho, chocolate e também teve crescimento de dois dígitos nas vendas de ração para animais domésticos (com marcas como Purina).

Globalmente, a Nestlé projeta para 2014 um ano igualmente difícil, com crescimento fraco nos países desenvolvidos e abaixo dos níveis recentes nos emergentes.
Mas Bulcke mudou o tom em relação ao Brasil, comparado ao que dissera três semanas atrás, em Davos. Na ocasião, ele observou que o país estava crescendo pouco porque não fizera reformas estruturais e que, se havia menos crescimento, os investimentos da companhia também cairiam. "Estamos com investimento igual (ao do ano passado). Temos muitas fábricas no Brasil. Não vamos parar as fábricas", disse o executivo ontem.
Ele afirmou que, evidentemente, menor crescimento, inflação alta e desvalorização da moeda não ajudam em nenhum mercado, mas que a empresa sabe bem como trabalhar no Brasil. Especificamente sobre a inflação, observou que "em outros países é muito pior". O que se deve esperar, afirmou, é que haja consistência no país para reduzir a taxa.

Por sua vez, Johnson, diretamente responsável pela divisão do grupo que inclui o mercado brasileiro, mostrou não se inquietar tampouco com o aumento de preço de energia no Brasil. "Não temos alta intensidade de energia, como outras indústrias. Estamos bem, sabemos trabalhar no Brasil."

Para Bulcke, o que está claro é que, com um crescimento mundial "soft" mais uma vez este ano, a melhor reação da empresa será conectar-se ainda mais com o consumidor, tanto pela internet, quanto pela ampliação da distribuição, o apoio a suas marcas e o lançamento de produtos inovadores.

O grupo suíço não conseguiu atingir o objetivo de crescimento que tinha fixado, entre 5% e 6%, e foi penalizado com queda de 1,49% da ação ontem na bolsa de Zurique. Bulcke disse que vai continuar reestruturando a operação, para reforçar o desempenho e eliminar as atividades menos rentáveis. "Isso permitirá nos concentrarmos no que funciona". Atualmente, cerca de 800 marcas estão sendo submetidas a esse tipo de exame no grupo suíço.

Fonte: Valor Econômico