Notícias

ALÍVIO DE PREÇOS FOI MENOR PARA BAIXA RENDA DO QUE PARA OS MAIS RICOS

ALÍVIO DE PREÇOS FOI MENOR PARA BAIXA RENDA DO QUE PARA OS MAIS RICOS

Houve deflação em todas as classes de renda no mês de novembro, porém o alívio de preços foi mais intenso para as famílias com poder aquisitivo mais alto, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).



Essa dinâmica ocorreu por conta da elevação dos preços dos alimentos, grupo que pesa mais na cesta de consumo dos mais pobres do que na dos mais ricos, conta a pesquisadora do Ipea, Maria Andréia Lameiras. Por outro lado, as faixas mais altas se beneficiaram da queda dos preços dos combustíveis.



As variações do Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda no mês de novembro ficaram assim: renda muito baixa (-0,17%); renda baixa (-0,17%); renda média-baixa (-0,19%); renda média (-0,20%); renda média-alta (-0,21%); renda alta (-0,23%).



O indicador é calculado com base nas variações de preços de bens e serviços pesquisados pelo Sistema Nacional de Índice de Preços ao Consumidor (SNIPC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).



O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do País, chegou a cair 0,21% no mês passado. Dentro deste indicador, o grupo de Alimentos e Bebidas registrou alta de 0,39%, provocando incremento inflacionário maior para as pessoas de menor renda, atenuando os efeitos baixistas da queda de 4,0% da energia elétrica e de 4,7% dos produtos de higiene pessoal.



Enquanto as variações dos preços dos alimentos para os mais pobres ficaram entre um intervalo de 0,15% e 0,12%, a inflação para os que possuem maior poder aquisitivo rodou entre 0,10% e 0,07%.



Além dos alimentos, os reajustes de 0,5% do gás de botijão e de 0,4% dos aluguéis também contribuíram para limitar a deflação das faixas menores de renda, tendo em vista que este grupo tem menos possibilidades de adquirir uma casa própria, por exemplo.



Em contrapartida, as famílias de renda mais alta registraram uma deflação maior, em razão do forte alívio vindo da retração de 3,1% do preço da gasolina. "As famílias de renda alta são as que mais possuem carro, no geral, e que consomem gasolina com mais frequência ao longo do mês", comenta a pesquisadora.



Diante desse quadro, a inflação de Transportes para as famílias de renda média a alta rodou entre -0,11% e -0,18%, enquanto para as de renda muito baixa a média-baixa variou entre -0,03% e -0,08%.



Convergência



Contudo, no ano e em 12 meses, a inflação dos mais pobres registra variações menores quando comparada com a dos mais ricos. No ano, as faixas menores de renda acumulam aumento inflacionário entre 3,32% e 3,55%, ao passo que as faixas maiores registram altas entre 3,53% e 3,83%. Em 12 meses, essa relação é de 3,66% a 3,98%, contra 3,89% a 4,29%.



Segundo Lameiras, a inflação dos diferentes grupos de renda está em trajetória de convergência e tende a se equalizar em 2019.



Uma das explicações para isso é que o preço do combustível, que pressionou a inflação dos mais ricos até início de outubro, ainda não reverteu toda a alta do ano. Isso significa, portanto, que haverá mais baixa nos próximos meses.



"Ademais, quando se trata da energia elétrica, não foi somente o nível dos reservatórios que provocou alta nos preços. Durante este ano, nós ainda pagamos a conta de subsídios dados ao setor em anos anteriores. Agora, em 2019, esse efeito irá se dissipar e, portanto, teremos, provavelmente, um recuo da inflação de energia", afirma Lameiras.



O professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Ulisses Ruiz de Gamboa, destaca, por sua vez, que a expectativa é de continuidade de uma inflação controlada no próximo ano, tendo em vista a perspectiva de uma recuperação gradual da economia ao longo de 2019.



Mercado



De acordo com o Boletim Focus do Banco Central (BC), a mediana das expectativas de mercado para o IPCA de 2018 é de 3,71%; para 2019, de 4,07% e, para 2020, de 4,00%



Já as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) são de crescimento de 1,30% e de alta de 2,5% até 2021.


Fonte: DCI