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Após quebra, Cacau depende de importações

Após quebra, Cacau depende de importações Mesmo em um ambiente de recessão econômica, marcado por menores níveis de consumo, o mercado brasileiro de chocolate ainda necessita de importações de cacau para suprir a demanda.

As compras são mais comuns no primeiro trimestre do ano, quando a colheita nacional é pequena. Agora, uma avaliação da consultoria da INTL FCStone indica que a baixa disponibilidade interna do produto, em função de uma forte estiagem ocorrida na Bahia, também tem impulsionado o pagamento de prêmios e ocasionado um descolamento entre os preços praticados no País e as cotações de Bolsa de Nova York (ICE Futures US).

No primeiro semestre, a Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) recebeu 45 mil toneladas de amêndoas brasileiras. No mesmo período de 2015, este volume foi de 101 mil toneladas, tamanho o estrago climático na lavoura.

No ano passado, as importações de janeiro a junho ficaram em 11 mil toneladas. Na variação anual, este número saltou para 46 mil toneladas, segundo a associação, apesar da redução na demanda doméstica - no segundo trimestre, de acordo com a INTL FCStone, cerca de 68% do subproduto de cacau foi consumido no Brasil, contra 73% no mesmo período de 2015.

"Ainda acho que algumas compras externas vão ocorrer, mas em volume menor. Não porque a gente não precise, mas porque começa a entressafra de Gana, na África, e não teremos produto disponível no mercado [global]", afirma o diretor executivo da AIPC, Walter Tegani, ao DCI.

Os países africanos, que detêm cerca de 70% do cacau do mundo, também sofreram com a seca proveniente do fenômeno El Niño. Com isso, o analista do Mercado do Cacau, Adilson Reis, acredita que a safra internacional de 2015/2016, que se encerrará em setembro, terá um déficit médio de 180 mil toneladas.

No Brasil, a INTL FCStone aposta em um déficit de 100 mil toneladas. "A quebra de safra no sul da Bahia coloca o Brasil novamente em um cenário de déficit no balanço de oferta e demanda de cacau, após ter experimentado um leve superávit em 2014/2015, o que não ocorria desde 1996/97", explica o analista de mercado da consultoria, Fábio Rezende, em nota.

O prêmio do cacau em Ilhéus (BA), isto é, o diferencial entre o preço praticado na cidade brasileira com o da Bolsa de Nova York, já reflete a súbita mudança neste balanço. "Na média de julho, Ilhéus pagou um prêmio de US$ 268 por tonelada, contra um deságio de US$ 623 por tonelada no mesmo mês do ano anterior", destaca Rezende.

No entanto, para a safra de 2016/2017, tanto no Brasil quanto no mundo, a expectativa é de resultados melhores, visto que as chuvas já voltaram e seguem positivamente.

Fonte: DCI