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Aumento do volume de crédito reduziu impactos na economia

Aumento do volume de crédito reduziu impactos na economia O aumento no volume de crédito direcionado ou concedido por bancos públicos desde a crise de 2008 reduziu os impactos da política monetária sobre a economia, disse na última sexta-feira, o economista Bruno Martins, pesquisador do Banco Central (BC).

O efeito prático dessa constatação é que, em momentos de necessidade, o aperto monetário tem de ser mais intenso para atingir seu objetivo. "É preciso aumentar mais os juros para se chegar ao mesmo resultado", disse.

Em março de 2016, o estoque de crédito direcionado totalizou R$ 1,592 trilhão, cerca de 50% do total de crédito na economia brasileira. Quando contabilizado o crédito livre concedido por bancos públicos, esse percentual fica próximo a 60% do total.

As estimativas de Martins mostram que, "a cada 1% de aumento na taxa básica de juros, o efeito na taxa de crescimento do crédito seria de -3%". Já no caso de empresas com acesso ao crédito direcionado ou livre de bancos públicos, continuou, o efeito é de -2%. "Há uma queda de um terço no resultado obtido", notou o economista do BC.

No emprego, a lógica é semelhante. A cada 1% de aumento na Selic o efeito na taxa de crescimento do emprego, no geral, é de -12%. Já nas empresas com acesso a instrumentos subsidiados, o resultado é menos intenso, de -0,73%.

Em 2011, o custo implícito com crédito direcionado era de R$ 37 bilhões, calculou o economista. No ano passado, chegou a R$ 88,6 bilhões, o equivalente a 0,57% do Produto Interno Bruto (PIB).

Para este ano, com a retração da economia e do mercado de crédito, a expectativa é que o custo com este tipo de subsídio recue em torno de R$ 4 bilhões. Mesmo assim, Martins ressaltou que há espaço para reduzir o programa de concessão de crédito direcionado.

"A gente gasta mais de R$ 90 bilhões com empresas grandes, que têm acesso a crédito. E depois reclama de problema fiscal", disse o ex-diretor do BC e sócio-diretor da Mauá Capital Luiz Fernando Figueiredo.

Segundo ele, os bancos privados têm mais de um terço de seus ativos nesses instrumentos. "Não me parece uma indústria que precise de incentivos", disse.

Fonte: Jornal DCI