Banco Central vê inflação no centro da meta em 2017

Os exercícios feitos pelos técnicos do BC mostram que, se a Selic fosse mantida no patamar atual, e o dólar continuasse na casa dos R$ 3,60, a inflação para este ano aumentaria, mas — no fim de 2017 — a taxa chegaria, exatamente, à meta.
Entre os motivos de a inflação estar elevada e resistente, o Copom incluiu “choques temporários de alimentos” e incertezas em relação às perspectivas para a economia americana.
Mais uma vez, o Copom culpou a indefinição fiscal pela desancoragem da inflação de 2016 e reafirmou que esse é o maior risco para o controle de preços. No entanto, mudou o que disse sobre a política fiscal na ata de abril. O comitê retirou o trecho que diz que a situação das contas públicas “contribui para acentuar a percepção negativa sobre o ambiente macro econômico, além de impactar negativamente as expectativas de inflação”.
O Copom reitera que o cenário central para a inflação leva em conta a materialização das trajetórias recentemente anunciadas para as variáveis fiscais. Ou seja, o rombo de R$ 170 bilhões para 2016 e a promessa de transparência, pagamento de pedaladas e o compromisso de não alterar a meta fiscal.
De acordo com os economistas, entretanto, a recessão econômica, a alta do desemprego e a queda do consumo tendem a frear os preços daqui para frente. A troca de comando do BC reforça essa expectativa. O novo presidente, Ilan Goldfajn, defende a volta do tripé econômico: inflação controlada, política fiscal austera e câmbio flutuante.
“Dada a profundidade incomum, amplitude e duração da contração econômica, e o fato de que as condições financeiras globais são bastante restritivas, a inflação começa a ser controlada. Esperamos que o Banco Central flexibilize os juros antes do fim do ano em curso”, ressaltou o economista-chefe para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos.
Dois indicadores divulgados ontem mostraram mais sinais de que o ritmo de queda da economia brasileira começa a desacelerar. Após 15 meses, o Índice de Atividade Econômica da do Banco Central (IBC-Br) registrou a primeira taxa positiva: 0,03% na passagem de março para abril, descontando os efeitos sazonais. A última taxa positiva no IBC-Br tinha sido em dezembro de 2014. No acumulado em 12 meses, a atividade caiu 5,41%.
Fonte: Jornal O Globo