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CONFIANÇA NA RETOMADA ECONÔMICA AINDA NÃO SE TRADUZ EM INVESTIMENTOS

CONFIANÇA NA RETOMADA ECONÔMICA AINDA NÃO SE TRADUZ EM INVESTIMENTOS

A confiança ainda não se traduziu em investimentos no País. Os indicadores de produção, principalmente de bens de capital, continuam patinando diante das incertezas de qual será a magnitude da retomada econômica.



Dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada nesta quarta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam queda de 2,6% da atividade industrial em janeiro na comparação com o mesmo período de 2018.



A categoria de bens de capital registrou desempenho negativo de 7,7% na mesma base de comparação. “Há uma recuperação da confiança, mas ainda existe incerteza em relação ao ritmo econômico dos próximos meses, que depende de muitas variáveis tanto no cenário doméstico quanto no internacional”, avalia o economista do Banco MUFG Brasil, Mauricio Nakahodo.



O último levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que o índice de confiança do empresário industrial caiu 0,2 ponto entre janeiro e fevereiro, se mantendo em 64,5 pontos, faixa considerada elevada. “A produção industrial surpreendeu negativamente, os sinais apontavam em direções distintas. A incerteza acabou afetando a categoria de bens de capital”, assinala Nakahodo. Ele aponta a capacidade ociosa ainda alta e os resultados econômicos abaixo do esperado no quarto trimestre do ano passado como fatores que inibem os investimentos. “Afeta a produção de máquinas e equipamentos e traz uma perspectiva mais longa para a ocupação do parque produtivo.”



Para o economista, a melhora dos indicadores econômicos internos passa pela aprovação de reformas no Congresso, especialmente a da Previdência. “O equilíbrio fiscal é um ponto importante para essa recuperação.” Nakahodo explica que a tendência de desaceleração global também afeta a economia brasileira e os setores voltados para exportações. “Diversos países estão rebaixando suas expectativas de crescimento. Esse fator acaba impactando o Brasil.”



O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) destacou em seu relatório que o desempenho da produção de bens de capital foi o pior entre os macrossetores.



“Contribuíram para isso principalmente os bens de capital para a própria indústria, acenando para um quadro desfavorável para o investimento. Outras contribuições negativas importantes vieram de bens de capital para transporte e para agricultura.” No resultado mensal, a categoria de bens de capital apresentou piora de 3%. “A queda de dezembro para janeiro está relacionada à baixa na produção de caminhões, bens de produção agrícola e máquinas e equipamentos industriais”, diz o gerente da coordenação de indústria do IBGE, André Macedo. “Mesmo havendo um aumento na confiança dos empresários, isso está mais relacionado ao longo prazo. Os investimentos têm sido adiados”



Regressão



O Iedi avalia que o resultado mostra uma continuidade da recessão industrial iniciada no final do ano passado. “Este foi o terceiro mês consecutivo sem recuperação. Ao invés de progredirmos, estamos nitidamente regredindo nos últimos meses. A produção industrial ainda está 17% abaixo do último pico histórico, alcançado em maio de 2011. Em junho de 2018 essa diferença era menor, de 14%”, disse.



Segundo Macedo, o perfil do resultado negativo é bem disseminado. “Trata-se de uma produção industrial em ritmo abaixo da que encerrou 2018. No acumulado dos últimos 12 meses, ainda estamos no positivo, mas reduzindo a intensidade dessa expansão.”



Na comparação com janeiro de 2018, houve quedas nas quatro grandes categorias econômicas. Conforme o IBGE, dentre as atividades, produtos alimentícios (-4,0%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-22,5%) e máquinas e equipamentos (-10,3%) exerceram as maiores influências negativas no período.


Fonte: Exame