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Gasto com alimentos cresce e iogurtes voltam à lista

Gasto com alimentos cresce e iogurtes voltam à lista Apesar da ginástica para fazer as compras do mês caberem no bolso em tempos de arrocho no orçamento, o brasileiro começa a encher um pouco mais o carrinho. Nos 12 meses terminados em agosto, a cesta de consumo - de alimentos, bebidas, produtos de limpeza e higiene e beleza industrializados - cresceu 0,7% em valor, em relação ao mesmo período do ano anterior. Quando o recorte é apenas em alimentos, porém, o avanço é de 5,6%, já descontada a inflação, ou seja, esse é um crescimento real, segundo dados da consultoria Kantar Worldpanel.

Produtos-ícone dos anos de ganho de renda no país, como os iogurtes, estão entre os que recuperaram espaço na lista de compras. Sobem ainda artigos como embutidos, alternativa a proteínas mais caras, e o açúcar, sinal de que se está cozinhando mais em casa. Mesmo os onipresentes pães e massas, cujo consumo encolheu em 2015, registram crescimento. A queda da inflação em setembro, puxada principalmente pelo recuo nos alimentos, contribuiu para isso. A recuperação do poder de compra, contudo, só deve vir com a retomada do emprego.

Em 2015, tivemos uma situação bem negativa, com quase todas as categorias de alimentos registrando perdas. Este ano, vemos recuperação em grande parte das categorias ou, ao menos, perdas menos intensas. Há tendência de recuperação - explica Maria Ferreira, diretora de Marketing da Kantar. - Não voltamos aos patamares pré-crise, mas estamos deixando de perder e tendo aumentos. O impulso, diz Maria, vem também do fato de os alimentos serem produtos de primeira necessidade, portanto, de reação rápida ao primeiro sinal de melhora na confiança ou queda de preços.

Em setembro, os supermercados do Rio registraram queda real em vendas de 0,87% sobre igual mês de 2015. Em agosto, o recuo havia sido de 1,36% em 12 meses, segundo a Asserj, que reúne o setor no estado. A economia começa a dar sinais de estabilidade, e isso se reflete rapidamente na confiança do consumidor. É uma tendência, mas será uma recuperação lenta e gradual - diz Fábio Queiroz, presidente Asserj. - Esperamos encerrar 2016 com estabilidade em vendas frente a 2015, quando houve redução de 2,21% sobre 2014.

Para André Braz, economista do Ibre/FGV, a recuperação virá à medida que a atividade econômica começar a crescer: O desemprego ainda é muito alto, reflexo de uma atividade econômica fraca. Ainda não há indicador que diga que a renda das famílias melhorou, e isso tira a capacidade de pagar contas. Só com mais emprego haverá a possibilidade de consumir mais. A maioria dos brasileiros continua optando pelo que cabe no orçamento - avalia Braz.

A renda média do trabalhador caiu de R$ 2.070, em setembro de 2013, para R$ 2.015 em setembro deste ano, segundo o IBGE. Já a inflação - sempre considerando a medição para o período de 12 meses terminado em setembro - saltou de 5,86%, em 2013, para 9,49% em 2015. Neste ano, perdeu fôlego e fechou em 8,48%.

Na crise, diz Queiroz, da Asserj, primeiro, o consumidor corta serviços, indo do restaurante para o supermercado. Depois, substitui itens da marca líder por mais baratos. Por fim, compra menos. Passamos por tudo isso, sobretudo em 2015. Mas o varejo entendeu que era preciso frear o movimento. Houve parceria com indústrias em busca de preços e formatos de embalagens que coubessem no bolso do consumidor, além de promoções para garantir vendas - diz.

Fonte: O Globo