Imposto zero para importação reduziu pouco o preço do feijão

O governo federal, que há três meses zerou a alíquota de importação para incentivar o equilíbrios dos estoques e dos valores, acaba de prorrogar a medida. Entretanto, de acordo com o analista de agronegócio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG), Caio Coimbra, a redução do preço tem mais a ver com a regulação dos fatores climáticos do que com a facilidade para importar. “Hoje a saca do feijão está em torno de R$ 350, mas em julho chegou a custar R$ 500”, lembra.
Ele explica que a medida do governo é inócua porque o grande preferido do brasileiro é o feijão carioca, que é produzido só no Brasil. “Cerca de 80% da produção é carioca e não existe outro país de onde possamos importa-lo. Existe um parecido, que é rajado e vem do México”, destaca.
Para o brasileiro, que tem o hábito de comer feijão todos os dias, a substituição é difícil. “Eu não substituí o feijão não, a gente vai até onde pode, compra menos, mas comer sem feijão é muito difícil”, diz Isabel.
Segundo o especialista em grãos, o preço disparou porque choveu demais no Paraná, que é a maior região produtora, refletindo em quebra de safra. Já em Minas, segundo maior produtor, o problema foi a seca. “Em Minas, a primeira safra, que vai de outubro a janeiro, subiu 17,5%. Mas a segunda, que vai de fevereiro a maio, teve queda de 4,25%, e foi quando o preço subiu muito. Já a terceira, que depende mais de irrigação, tem previsão de queda de 6,5%. Nesse caso, não é nem porque colheu menos, mas porque os produtores, temendo a seca, plantaram menos”, explica.
Com todo o cenário negativo, Coimbra afirma que, com o tempo, o próprio consumidor foi se ajustando e trocando o consumo do carioca pelo feijão preto ou vermelho. “Em julho, o quilo estava custando cerca de R$ 13. Agora já caiu para R$ 8 ou R$ 9, mas está bem mais caro do que no ano passado, quando era aproximadamente R$ 5”, compara.
Fonte: Cenário MT