Indústria e comércio esperam final de ano melhor, mas projetam retomada da economia só em 2017

Em sondagem divulgada nesta semana, o Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da FGV (Fundação Getulio Vargas), aponta que os meses entre junho e agosto foram responsáveis pela melhor taxa da economia dos últimos seis trimestres, com retração de 0,35% no período.
O dado oficial das riquezas produzidas no País é divulgado trimestralmente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O último, referente ao segundo trimestre de 2016, apontou que o PIB (Produto Interno Bruto), soma de todos os bens e serviços produzidos, encolheu 0,6% sobre os três meses anteriores.
CNI reduz para 3,1% a projeção de encolhimento da economia brasileira em 2016
Tradicionalmente conhecido por antecipar as tendências da economia, o setor de embalagens já começa a esboçar uma reação com a ajuda de clientes da área de abastecimento, como alimentos, bebidas, produtos de cuidados pessoas e limpeza. Segundo a diretora-executiva da Abre (Associação Brasileira de Embalagem), Luciana Pellegrino, o setor aposta em uma retomada já neste último trimestre de 2016.
— O que a gente percebe é que vem enfraquecendo esse cenário de desaceleração e a gente já tem uma expectativa de fechar esse último trimestre com resultado positivo de 0,7% em relação ao quarto trimestre de 2015.
As notícias também são boas para quem vende comida e bebida.O presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), Paulo Solmucci Júnior, observa que a situação do setor parou de piorar no mês de abril.
Solmucci, no entanto, lamenta que o ritmo dos negócios ainda não acompanhou as expectativas dos empresários que, segundo ele, fecharam 36% dos estabelecimentos durante a crise e devem terminar 2016 ainda no vermelho.
— Nós tínhamos uma expectativa de se recuperar as vendas já neste segundo semestre. Essa esperança está se frustrando. Embora alguns estejam falando em fechar o ano um pouco melhor, a média talvez não seja suficiente para recuperar a queda do primeiro semestre.
O aumento das vendas em algumas áreas do comércio ainda não empolga muito o presidente da SBVC (Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo), Eduardo Terra. Na avaliação dele, o consumo ainda resiste um tempo para se recuperar efetivamente em função da situação financeira dos consumidores e do alto índice de desempregados no País.
— Nós estamos falando provavelmente que, neste último trimestre, teremos alguns sinais de retomada para entrar no ano que vem já em um ambiente diferente. [...] Demora um pouco para que a atração venha de novo. Claro que essa época de fim de ano nos ajuda a engatar uma marcha mais forte para andar em um ritmo diferente no ano que vem.
Embora exista uma perspectiva positiva entre os empresários do setor, a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) analisa que o segmento vai fechar o ano com queda de 1% na comparação com 2015.
Para o presidente da entidade, Humberto Barbato, as expectativas ainda não se reverteram em negócios e apenas 37% dos empresários do setor acreditam em crescimento ao longo dos últimos três meses do ano, contra 27% que esperam pela estabilidade e 40% que preveem uma nova queda.
— Nós estamos vivendo um momento em que existe um certo otimismo em relação à melhoria das condições de mercado. À medida que a pessoa se sente com menos risco de perder o emprego, ela começa a voltar ao consumo.
2017
As esperanças dos empresários aumentam quando o assunto é o ano de 2017. De acordo com Terra, o comércio tende a crescer 2% no próximo ano e puxar um crescimento efetivo caso as reformas do ambiente econômico sejam confirmadas.
— Eu não acredito que 2017 seja um ano espetacular, mas ele pode criar as condições para que a gente esteja no início de um novo ciclo de crescimento, que a gente espera que dure mais anos para que 2018 e 2019 tenham um crescimento mais forte e sólido.
O presidente da Abrase comemora a previsão de que o ramo de atividade deve crescer 2% após dois anos de queda. Solmucci, no entanto, avalia que o momento ruim do setor deve ainda persistir no início de 2017 em função da movimentação de muitas pessoas que perderam o emprego e abriram o próprio bar ou restaurante.
— Até abril de 2017, a gente acha que as coisas continuam piorando porque, mesmo que a economia pare de cair, o desemprego não reage muito rápido. Enquanto o emprego não começar a reagir, nós não conseguimos melhorias.
Fonte: Portal R7