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Juros ao consumidor chegam a 43,2% ao ano e atingem maior nível desde 2011

Juros ao consumidor chegam a 43,2% ao ano e atingem maior nível desde 2011 Apesar do esforço da equipe econômica para estimular o crédito no país, dados divulgados nesta terça-feira pelo Banco Central mostram que os bancos concederam menos empréstimos e com juros recordes. A taxa cobrada da pessoa física em financiamentos com recursos livres – aqueles que os bancos podem emprestar livremente em qualquer tipo de modalidade – aumentou de 43% para 43,2% em julho: a maior desde quando a autoridade monetária passou a registrar os dados em 2011. Além disso, o nível de calote voltou a subir no Brasil. Segundo o BC, a inadimplência passou de 6,5% para 6,6% de todos os empréstimos para as famílias com recursos livres.

— Isso não mudou em nada a nossa avaliação de que a inadimplência está num patamar baixo. Esse 0,1% de aumento é irrelevante. A inadimplência está num patamar historicamente baixo — argumentou o chefe do departamento econômico do BC, Túlio Maciel.

Ele reafirmou que as medidas anunciadas pelo Banco Central para estimular o crédito no país deve impedir uma queda na previsão de crescimento dos empréstimos no Brasil. A aposta do BC é de uma alta de 12% no ano. No entanto, nos últimos 12 meses, o volume de financiamentos desacelerou e está em 11,4%. A previsão da autoridade monetária pode ser revisada no mês que vem.

O cenário não é apenas de ritmo menor para o crescimento dos empréstimos, mas também de custo maior. Os juros aumentaram porque os bancos subiram o spread bancário – a diferença entre quanto custa o dinheiro para o banco e por quanto ele repassa ao cliente. É nessa parcela que está embutido o lucro da instituição. No caso de empréstimos para as famílias com recursos livres, os bancos cobram 31,7 pontos percentuais a mais do que o custo original do dinheiro. Em junho, essa diferença era de 31,3 pontos percentuais.

Segundo o BC, as concessões de crédito com recursos livres caíram 2,3% no mês passado – tanto para empresas quanto para pessoas físicas. Se levar em consideração o crédito direcionado (como o habitacional ou os recursos do BNDES que financiam a produção das fábricas) o cenário é ainda pior.

Houve queda de 4% nas concessões de novos empréstimos em julho. Foram fechados R$ 306,4 bilhões em contratos novos. A baixa é pior no caso das empresas: 10,3% a menos do que as concessões em junho. Normalmente, julho não é um mês em que as empresas recorram a crédito, segundo o BC. Além disso, o mês passado teve a singularidade de ter feriados por causa da Copa do Mundo.

Fonte: O Globo