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Leve avanço do varejo, apesar da recessão

Leve avanço do varejo, apesar da recessão Entre março e abril, o aumento do volume comercializado de supermercados, vestuário e outros artigos de uso pessoal e doméstico foi decisivo para o crescimento real de 0,5% das vendas do varejo restrito, que exclui veículos, motos e material de construção, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o avanço esperado e reforça a percepção de que a economia testa o fundo do poço e poderá dar sinais de reação no segundo semestre. Se isso ocorrer será auspicioso, levando-se em conta que continuam presentes os principais fatores de declínio, tais como a queda do emprego e da renda real e os juros reais elevados.

Ainda é ruim a comparação dos dados do varejo restrito de abril com os de abril de 2015 (–6,7%), dos primeiros quadrimestres de 2015 e 2016 (–6,9%) e do acumulado em 12 meses, comparado com os 12 meses anteriores (–6,1%), mas a média móvel trimestral mostrou alta de vendas de 0,3%, após quatro meses de queda.

Os piores resultados são os do varejo ampliado, com recuo de 1,4% em relação a março e quedas superiores a 9% na comparação com 2015 – até a receita nominal caiu. Com a recessão é mais difícil o comércio de bens de valor mais alto, como automóveis e motos.

A melhora dos indicadores de hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (+1% em relação a março) e de tecidos, vestuário e calçados (+3,7%) é sinal de uma reação do consumo de itens básicos, em detrimento de supérfluos. Afigura-se compatível com a queda de vendas (9,5%) estimada pela consultoria Serasa Experian na semana do Dia dos Namorados, uma das principais datas do comércio, na comparação com 2015.

Foi de 0,1%, segundo o IBGE, o crescimento de vendas de outros artigos de uso pessoal e doméstico (lojas de departamentos, óptica, artigos esportivos e brinquedos), enquanto caíram as vendas dos demais itens do varejo restrito: móveis e eletrodomésticos, artigos de farmácia (num período de reajuste de preços), livros, jornais e revistas e equipamentos para escritórios, informática e comunicação.

Tão importante quanto a percepção de que o nível de vendas do varejo deixou de cair é a perspectiva de que o mesmo entendimento se aplica ao ritmo da atividade econômica. Na melhor das hipóteses, a retomada da confiança dos consumidores permitirá que o varejo esboce, a curto prazo, uma reação sustentável.

Fonte: Jornal O Estado de São Paulo