Queda na renda reduz gastos em supermercados
Fracionamento nas compras e pesquisa de preços. Esta tem sido a fórmula encontrada por muitos consumidores gaúchos na hora de ir aos supermercados. Na maioria dos casos, os supérfluos já deixam de ir para o carrinho, enquanto a escolha por itens básicos passa por uma migração de marcas. No primeiro semestre, o setor registrou queda real de 1% nas vendas, mas ainda assim o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antonio Cesa Longo, afirma que há otimismo para o restante do ano: "Esperamos uma recuperação nos próximos meses", afirma. Em minimercados e armazéns, o reflexo da queda na renda da população não é diferente. "A crise é geral, está afetando a todos", sentencia o proprietário do Minimercado, Fruteira e Açougue Almeida, Dionor Antônio de Almeida. "O consumo caiu pela metade, as pessoas estão levando apenas o essencial", comenta.
Além de migrar de marca e reduzir o volume das compras, outra estratégia do consumidor - que segundo a Agas está conseguindo eliminar até 40% da inflação no ponto de venda - tem sido partir para a pesquisa de preços e substituição de produtos. "Estou comprando o básico: arroz, feijão, e, ao invés de carne vermelha, que está muito cara, levo frango, peixe e salsicha", diz a proprietária de uma banca de revista, Grace Chaves Paixão. Mãe de dois meninos, de 10 e 14 anos, ela diz que tem driblado a crise "como pode". Refrigerante, só uma vez por semana.
Na casa da doméstica Mary Adriana Padilha Marangua as compras são feitas "conforme vai faltando as coisas". Para não gastar muito, ela prefere frequentar o armazém da frente de casa. "Não tem muita diferença de preço, as mercadorias são boas, e fica mais perto, então não gasto com a condução", explica. "Os clientes comentam que, comparando com os supermercados, os mercadinhos têm alguns produtos que saem até mais baratos, como água e macarrão, por exemplo", destaca o proprietário do Minimercado e Fruteira Amazonas, Thiarles Rodrigo dos Santos.
Ainda assim, e mesmo com a vantagem da localização "de vizinhança" dos moradores do bairro Farroupilha, a empresa de Santos está amargando queda de 20% nas vendas, desde março. "Os clientes que vinham duas a três vezes por dia para buscar algo que faltava em casa, agora aparecem no máximo uma vez ou duas", comenta o proprietário. Na lista de compras, o básico: arroz, feijão e alguma verdura. "Os supérfluos, como cerveja, por exemplo, as pessoas praticamente deixaram de comprar", concorda Almeida, que atua na mesma região de Santos.
Comprar aos poucos é uma forma de evitar o desperdício, explica a terapeuta holística Célia Epaminondas. "Vivenciei outras crises desde a época da ditadura, quando já estávamos até acostumados a conviver com inflação alta. Mas esta de agora veio muito rápido, a sensação é de que foi de uma hora para a outra", opina Célia, ao explicar a mudança de comportamento frente às gondolas de supermercado. Na casa em que mora (com dois irmãos, cunhada e dois sobrinhos) houve redução calculada e as idas ao mercado são focadas no básico: até o iogurte, o suco e as frutas das crianças têm sido racionados.
Variação de preços chega a 13% nas quatro maiores redes no Estado
Com inflação elevada e aumento das alíquotas de ICMS recém aprovado no Rio Grande do Sul, quem quiser economizar vai ter que pesquisar preços antes de encher o carrinho no supermercado. De acordo com o advogado e presidente do Movimento das Donas de Casa e Consumidores do Estado, Cláudio Pires Ferreira, a última pesquisa mensal da entidade constatou variação de 13% nos preços implementados nas quatro maiores redes do setor. "Desde sempre, orientamos que o consumidor pesquise as diferenças de preços, mas agora, com a crise, isso é ainda mais importante para equilibrar o orçamento familiar", afirma Ferreira.
Mensalmente, a entidade busca informação da cesta de 47 itens mais consumidos pelos gaúchos, desde gêneros alimentícios até material de limpeza doméstica e higiene pessoal. De acordo com a experiência do dirigente, os melhores dias para comprar em supermercados gaúchos são nas quartas-feiras e sextas-feiras, quando geralmente há muitas promoções nos estabelecimentos.
O presidente da Agas, Antonio Longo, confirma que a busca por ofertas e outras alternativas para baratear as compras têm sido uma constante entre os consumidores gaúchos. Ferreira lembra ainda que dentro da série de estratégias de quem busca menor preço de gêneros alimentícios, há quem prefira ir no final das feiras de rua realizadas em vários pontos e dias. Nesses momentos, os comerciantes passam a liquidar os produtos que restam, aplicando descontos atrativos para os consumidores.
Consumo registra queda de 7,5% em volume no Brasil, mostra pesquisa
Um estudo realizado pela empresa de painéis de consumo Kantar Worldpanel apontou queda de 7,5% no volume de itens adquiridos pelas famílias brasileiras nos pontos de venda, e aumento de 8,5% no preço médio dos principais produtos no primeiro semestre de 2015, em comparação com o mesmo período do ano passado. Conforme a pesquisa, para driblar a alta de preços e equilibrar as despesas, os consumidores diminuíram as idas aos pontos de vendas e a cada visita aumentaram o número de itens adquiridos, voltando a velhos hábitos de consumo, as compras de abastecimento.
No Estado, o movimento é o mesmo, afirma o presidente da Agas, Antonio Longo. "O ticket médio baixou, mas o número de visitas não. Pelo contrário, as pessoas têm ido mais vezes aos pontos de venda", afirma o dirigente. De acordo com o presidente do Movimento das Donas de Casa, Cláudio Pires Ferreira, o aumento na frequência às lojas é um reflexo do pagamento parcelado do salário dos servidores estaduais no Rio Grande do Sul. "As pessoas vão comprando conforme recebem o rendimento. Quem fazia um rancho por mês, agora está tendo que comprar uma vez por semana. Mas apesar da frequência maior, se está comprando menos." Conforme Longo, nas regiões industriais o cenário é de maior preocupação, o que requer ainda mais atenção e criatividade pelo varejista. Ao mesmo tempo, afirma o dirigente, há um movimento da indústria no sentido de contribuir com promoções, e o setor supermercadista também integra esta corrente. "O consumidor está em busca de alternativas de produtos que agreguem custo-benefício."
De acordo com a assessoria de imprensa do Walmart, o investimento em marcas próprias tem sido estratégico para a empresa, uma vez que representa a oportunidade de agregar valor ao negócio. Segundo nota oficial do grupo, "esta é uma forma de oferecer ao consumidor itens exclusivos com qualidade e preços mais em conta (entre 5% e 30% mais baixos que os de marcas líderes)". Na pesquisa divulgada pela Kantar Worldpanel, o volume de compras no comércio caiu 9% na região Sul durante o primeiro trimestre do ano. O levantamento também aponta que houve redução - de uma vez, em média - de idas ao ponto de venda. Apesar de ter atingido todas as classes econômicas, o poder de compra está mais fraco entre os consumidores da classe C, que reduziram em 12% o volume de compras nos mercados.
Além de migrar de marca e reduzir o volume das compras, outra estratégia do consumidor - que segundo a Agas está conseguindo eliminar até 40% da inflação no ponto de venda - tem sido partir para a pesquisa de preços e substituição de produtos. "Estou comprando o básico: arroz, feijão, e, ao invés de carne vermelha, que está muito cara, levo frango, peixe e salsicha", diz a proprietária de uma banca de revista, Grace Chaves Paixão. Mãe de dois meninos, de 10 e 14 anos, ela diz que tem driblado a crise "como pode". Refrigerante, só uma vez por semana.
Na casa da doméstica Mary Adriana Padilha Marangua as compras são feitas "conforme vai faltando as coisas". Para não gastar muito, ela prefere frequentar o armazém da frente de casa. "Não tem muita diferença de preço, as mercadorias são boas, e fica mais perto, então não gasto com a condução", explica. "Os clientes comentam que, comparando com os supermercados, os mercadinhos têm alguns produtos que saem até mais baratos, como água e macarrão, por exemplo", destaca o proprietário do Minimercado e Fruteira Amazonas, Thiarles Rodrigo dos Santos.
Ainda assim, e mesmo com a vantagem da localização "de vizinhança" dos moradores do bairro Farroupilha, a empresa de Santos está amargando queda de 20% nas vendas, desde março. "Os clientes que vinham duas a três vezes por dia para buscar algo que faltava em casa, agora aparecem no máximo uma vez ou duas", comenta o proprietário. Na lista de compras, o básico: arroz, feijão e alguma verdura. "Os supérfluos, como cerveja, por exemplo, as pessoas praticamente deixaram de comprar", concorda Almeida, que atua na mesma região de Santos.
Comprar aos poucos é uma forma de evitar o desperdício, explica a terapeuta holística Célia Epaminondas. "Vivenciei outras crises desde a época da ditadura, quando já estávamos até acostumados a conviver com inflação alta. Mas esta de agora veio muito rápido, a sensação é de que foi de uma hora para a outra", opina Célia, ao explicar a mudança de comportamento frente às gondolas de supermercado. Na casa em que mora (com dois irmãos, cunhada e dois sobrinhos) houve redução calculada e as idas ao mercado são focadas no básico: até o iogurte, o suco e as frutas das crianças têm sido racionados.
Variação de preços chega a 13% nas quatro maiores redes no Estado
Com inflação elevada e aumento das alíquotas de ICMS recém aprovado no Rio Grande do Sul, quem quiser economizar vai ter que pesquisar preços antes de encher o carrinho no supermercado. De acordo com o advogado e presidente do Movimento das Donas de Casa e Consumidores do Estado, Cláudio Pires Ferreira, a última pesquisa mensal da entidade constatou variação de 13% nos preços implementados nas quatro maiores redes do setor. "Desde sempre, orientamos que o consumidor pesquise as diferenças de preços, mas agora, com a crise, isso é ainda mais importante para equilibrar o orçamento familiar", afirma Ferreira.
Mensalmente, a entidade busca informação da cesta de 47 itens mais consumidos pelos gaúchos, desde gêneros alimentícios até material de limpeza doméstica e higiene pessoal. De acordo com a experiência do dirigente, os melhores dias para comprar em supermercados gaúchos são nas quartas-feiras e sextas-feiras, quando geralmente há muitas promoções nos estabelecimentos.
O presidente da Agas, Antonio Longo, confirma que a busca por ofertas e outras alternativas para baratear as compras têm sido uma constante entre os consumidores gaúchos. Ferreira lembra ainda que dentro da série de estratégias de quem busca menor preço de gêneros alimentícios, há quem prefira ir no final das feiras de rua realizadas em vários pontos e dias. Nesses momentos, os comerciantes passam a liquidar os produtos que restam, aplicando descontos atrativos para os consumidores.
Consumo registra queda de 7,5% em volume no Brasil, mostra pesquisa
Um estudo realizado pela empresa de painéis de consumo Kantar Worldpanel apontou queda de 7,5% no volume de itens adquiridos pelas famílias brasileiras nos pontos de venda, e aumento de 8,5% no preço médio dos principais produtos no primeiro semestre de 2015, em comparação com o mesmo período do ano passado. Conforme a pesquisa, para driblar a alta de preços e equilibrar as despesas, os consumidores diminuíram as idas aos pontos de vendas e a cada visita aumentaram o número de itens adquiridos, voltando a velhos hábitos de consumo, as compras de abastecimento.
No Estado, o movimento é o mesmo, afirma o presidente da Agas, Antonio Longo. "O ticket médio baixou, mas o número de visitas não. Pelo contrário, as pessoas têm ido mais vezes aos pontos de venda", afirma o dirigente. De acordo com o presidente do Movimento das Donas de Casa, Cláudio Pires Ferreira, o aumento na frequência às lojas é um reflexo do pagamento parcelado do salário dos servidores estaduais no Rio Grande do Sul. "As pessoas vão comprando conforme recebem o rendimento. Quem fazia um rancho por mês, agora está tendo que comprar uma vez por semana. Mas apesar da frequência maior, se está comprando menos." Conforme Longo, nas regiões industriais o cenário é de maior preocupação, o que requer ainda mais atenção e criatividade pelo varejista. Ao mesmo tempo, afirma o dirigente, há um movimento da indústria no sentido de contribuir com promoções, e o setor supermercadista também integra esta corrente. "O consumidor está em busca de alternativas de produtos que agreguem custo-benefício."
De acordo com a assessoria de imprensa do Walmart, o investimento em marcas próprias tem sido estratégico para a empresa, uma vez que representa a oportunidade de agregar valor ao negócio. Segundo nota oficial do grupo, "esta é uma forma de oferecer ao consumidor itens exclusivos com qualidade e preços mais em conta (entre 5% e 30% mais baixos que os de marcas líderes)". Na pesquisa divulgada pela Kantar Worldpanel, o volume de compras no comércio caiu 9% na região Sul durante o primeiro trimestre do ano. O levantamento também aponta que houve redução - de uma vez, em média - de idas ao ponto de venda. Apesar de ter atingido todas as classes econômicas, o poder de compra está mais fraco entre os consumidores da classe C, que reduziram em 12% o volume de compras nos mercados.
Fonte: Jornal do Comércio