Repasses e salários só no dia 10 podem prejudicar o comércio em MT

Mato Grosso tem quase 100 mil servidores estaduais, que da folha de novembro até junho de 2017 devem receber o salário no 10º dia de cada mês.O governo do estado alega que a medida é necessária porque há um descompasso entre receita e despesa.
Para a Fecomércio, o fim de ano pode não ser o melhor período de vendas. "Isso traz uma certa insegurança para o consumidor e deixa, muitas vezes, de adquirir aquilo que acha necessário. E para nós é muito prejudicial porque esse é o melhor período para o comércio", afirmou o presidente da Fecomércio, Hermes Martins.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio, o índice de confiança do empresário em Mato Grosso vinha se recuperando em novembro e agora caiu quase 4%. Segundo alguns lojistas, essa queda já é reflexo das mudanças no pagamento dos servidores nos últimos dois meses.
Numa relojoaria que funciona há 22 anos no Centro de Cuiabá, por exemplo, a maioria dos clientes é servidor público e compra a prazo. As contas do estabelecimento não estão mais em dia. "Nós pagamos tudo com multa. Todo boleto que vem de fornecedor e de um dia para o outro de atraso já tem multa. E nós não temos condições de cobrar a multa de um cliente com 10 dias atraso", disse o proprietário da loja, José Andrade.
O secretário estadual de Gestão, Julio Modesto, disse que o 13º salário dos servidores públicos do estado será pago no dia 20 de dezembro, com exceção daqueles que recebem no mês de seus aniversários.
"A gente quer buscar um diálogo com o governo para poder resolver isso e transmitir segurança para os servidores. Servidores sem segurança não consome e o comércio sem esses R$ 700 milhões [da folha de pagamento] começa a desempregar e a intenção do governo é jogar essa folha de dezembro para janeiro de 2017 e, com isso, em vez de pagar 12 folhas, paga só 11, ganhando um fôlego no caixa. Resolve um problema dele, mas cria um problema para o comércio e para 100 mil servidores", disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde e do Meio Ambiente (Sisma-MT), Oscarlino Alves.
Fonte: Portal G1