Saldo comercial brasileiro pode voltar ao nível de 2012
A tendência argentina em 2014 é manter o pé no freio de suas importações e o superávit brasileiro com o sócio deve retroceder aos patamares de 2012, quando a Argentina adotou o mecanismo de Declarações Juramentadas Antecipadas de Importação (Djai) - as famosas licenças generalizadas para importação.
Naquele ano, o saldo brasileiro com o vizinho foi de apenas US$ 1,56 bilhão, verificando uma queda de mais de 72% em relação aos US$ 5,804 bilhões prévios. Em 2013, o saldo voltou a melhorar com uma marca de US$ 3,150 bilhões. Porém, nesse ano, a balança seria positiva para o Brasil em cerca de US$ 1,8 bilhão, pouco mais de US$ 200 milhões acima do valor verificado há dois anos.
A projeção foi feita pelo analista da consultoria Abeceb, Maurício Claverí, com base nos dados publicados na quinta-feira passada pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). A Abeceb fez uma análise destacando que, somente no primeiro bimestre deste ano, o fluxo comercial entre os dois maiores sócios do Mercosul, comparado com igual período de 2014, recuou 16,9%, com um saldo favorável para o Brasil de US$ 297 milhões.
"Tudo vai depender das variáveis macroeconômicas, que definem o comércio: quanto a economia da Argentina e do Brasil vai crescer", ponderou. Ele explicou que as projeções para a Argentina são de recessão com resultado negativo que pode variar entre 1% a 2%, no cenário mais otimista, com reforma que inclua corte profundo do gasto público. Num ambiente mais pessimista, sem redução dos gastos, os analistas estimam queda do PIB em torno de 3% ou 4%.
Negativas - Em ambos os cenários, as expectativas para o comércio são negativas. "Em qualquer situação, haverá impacto nos intercâmbios porque uma economia em recessão ou com crescimento negativo reduz as importações e os investimentos internos", ilustrou o analista. Não obstante, continuou, a partir do segundo semestre, a Argentina terá certo alívio em sua pauta exportadora, porque o Brasil poderá absorver mais automóveis argentinos.
"Acreditamos em uma mudança da tendência para a Argentina depois do segundo semestre porque, agora, o Brasil tem acumulação de estoques de automóveis", estimou. No entanto, essa mudança não será capaz de reverter o cenário de não crescimento da indústria automotiva local, que responde por 50% das exportações argentinas ao Brasil.
Tampouco há previsão de que o Brasil possa exportar mais para a Argentina. "A situação se repete em 2014 como em 2012, mas por razões distintas", detalhou. Naquele ano, a Argentina adotou restrições cambiais e de importações porque necessitava, desesperadamente, de preservar suas reservas e evitar a saída de divisas por todos os canais possíveis para poder pagar a conta da importação de energia e da fuga tenaz de dólares do mercado formal.
Em 2012, a economia cresceu 1%, nos cálculos do setor privado. Agora, todos os motivos acima descritos persistem, mas com a diferença de que a economia está mais fraca e não vai crescer.
Com a economia debilitada após uma desvalorização de 23% da moeda nacional, em apenas um mês, em janeiro, e de uma inflação anual que promete superar 30%, folgadamente, e sem acesso a dólares para pagar importações, as grandes empresas não se animam a buscar financiamento para suas compras externas.
Naquele ano, o saldo brasileiro com o vizinho foi de apenas US$ 1,56 bilhão, verificando uma queda de mais de 72% em relação aos US$ 5,804 bilhões prévios. Em 2013, o saldo voltou a melhorar com uma marca de US$ 3,150 bilhões. Porém, nesse ano, a balança seria positiva para o Brasil em cerca de US$ 1,8 bilhão, pouco mais de US$ 200 milhões acima do valor verificado há dois anos.
A projeção foi feita pelo analista da consultoria Abeceb, Maurício Claverí, com base nos dados publicados na quinta-feira passada pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). A Abeceb fez uma análise destacando que, somente no primeiro bimestre deste ano, o fluxo comercial entre os dois maiores sócios do Mercosul, comparado com igual período de 2014, recuou 16,9%, com um saldo favorável para o Brasil de US$ 297 milhões.
"Tudo vai depender das variáveis macroeconômicas, que definem o comércio: quanto a economia da Argentina e do Brasil vai crescer", ponderou. Ele explicou que as projeções para a Argentina são de recessão com resultado negativo que pode variar entre 1% a 2%, no cenário mais otimista, com reforma que inclua corte profundo do gasto público. Num ambiente mais pessimista, sem redução dos gastos, os analistas estimam queda do PIB em torno de 3% ou 4%.
Negativas - Em ambos os cenários, as expectativas para o comércio são negativas. "Em qualquer situação, haverá impacto nos intercâmbios porque uma economia em recessão ou com crescimento negativo reduz as importações e os investimentos internos", ilustrou o analista. Não obstante, continuou, a partir do segundo semestre, a Argentina terá certo alívio em sua pauta exportadora, porque o Brasil poderá absorver mais automóveis argentinos.
"Acreditamos em uma mudança da tendência para a Argentina depois do segundo semestre porque, agora, o Brasil tem acumulação de estoques de automóveis", estimou. No entanto, essa mudança não será capaz de reverter o cenário de não crescimento da indústria automotiva local, que responde por 50% das exportações argentinas ao Brasil.
Tampouco há previsão de que o Brasil possa exportar mais para a Argentina. "A situação se repete em 2014 como em 2012, mas por razões distintas", detalhou. Naquele ano, a Argentina adotou restrições cambiais e de importações porque necessitava, desesperadamente, de preservar suas reservas e evitar a saída de divisas por todos os canais possíveis para poder pagar a conta da importação de energia e da fuga tenaz de dólares do mercado formal.
Em 2012, a economia cresceu 1%, nos cálculos do setor privado. Agora, todos os motivos acima descritos persistem, mas com a diferença de que a economia está mais fraca e não vai crescer.
Com a economia debilitada após uma desvalorização de 23% da moeda nacional, em apenas um mês, em janeiro, e de uma inflação anual que promete superar 30%, folgadamente, e sem acesso a dólares para pagar importações, as grandes empresas não se animam a buscar financiamento para suas compras externas.
Fonte: Diário do Comércio