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Salto de 13% nos atacarejos amortece retração nos hiper, super e vizinhança

Salto de 13% nos atacarejos amortece retração nos hiper, super e vizinhança

Com forte ascensão na crise, o atacarejo voltou a sustentar o setor supermercadista em 2018. Ano passado, o impulso de quase 13% nas vendas neste modelo amorteceu a queda em outros formatos e garantiu um alta de 2,07% no mercado como um todo. Para este ano, os chamados cash & carry devem manter protagonismo na perspectiva de avanço de 3%.



De acordo com um estudo realizado pela empresa de inteligência de mercado Nielsen, em 2018, os hipermercados apresentaram retração no volume de vendas na ordem dos 6,4%; seguido pelos supermercados (-2,7%); lojas de vizinhança (-2,0). Já os seguimentos de farmácia e atacarejo apresentaram incremento em torno de 4,6% e 12,8%, respectivamente.



“A tendência é que o cliente continue repetindo alguns comportamentos da crise, mas que aos poucos comece a pensar mais na conveniência, passando a frequentar lojas de vizinhança”, diz o líder de novos negócios da empresa Nielsen, Daniel Souza.



De acordo com ele, ao longo do ano o tíquete médio desses negócios deve apresentar alta com um consumo mais intenso de itens como cervejas, salgadinhos, chocolates, bolachas e biscoitos. “No geral, os itens de mercearia na alimentação continuam em alta nesses formatos, e essa demanda pode ser revertida na abertura de novas lojas.”



Para o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Sanzovo Neto, as melhoras no mercado de trabalho e renda familiar elevada podem fazer com que a o consumo nos supermercados cresça neste ano. “Esperamos uma retomada no consumo de produtos premium no varejo alimentar e, consequentemente, um desenvolvimento maior dos supermercados de vizinhança a partir de 2020.”



Na mesma linha de raciocínio, o sócio fundador da consultoria empresarial Goakira, José Goakira afirma que por ora os preços ainda são fatores decisivos para determinar a escolha dos consumidores, mas que conforme for verificada a evolução do orçamento doméstico durante o ano, os mercados de vizinhança podem voltar a ganhar protagonismo.



“Tendo em vista que a localização dos cash & carry não é privilegiada geralmente, o cliente apenas realiza compras nesse modelo para abastecimento do lar. Para as compras de rotina, o consumidor deve voltar ao consumo de itens de maior valor agregado ou premium”, complementou.



Cenário macroeconômico



Na avaliação do presidente da Abras, o desempenho do setor de supermercados para 2019 dependerá, sobretudo, do andamento das reformas econômicas propostas pelo governo federal. “O discurso [do poder Executivo] está alinhado ao posicionamento dos empresários. Se houver retrocesso na força das reformas, existe a chance do nível de confiança cair. No entanto, tendo em vista o resultado nas eleições da Câmara dos Deputados e Senado, não parece que isso vai acontecer”, complementou o dirigente.



Nesse sentido, o Índice de Confiança do Supermercadista de dezembro de 2018 registrou o segundo maior patamar dentro do período analisado pela empresa de pesquisa de mercado GfK – atingindo 61,5 pontos em uma escala de 0 a 100. Além disso, 73% dos empresários entrevistados acreditam em um cenário mais favorável para os negócios.



De acordo com Neto, esse otimismo é “fundamental” para uma geração de empregos maior e uma retomada de market share dos supermercados, os quais durante o período de crise tiveram retração no volume de vendas. “Pelo menos esse ano, o modelo de cash & carry ainda pode continuar crescendo, mas também vemos o ‘peso’ crescente do fator comodidade na hora do consumidor ir às compras”, complementou Neto.



Segundo uma pesquisa feita pela GfK e também divulgada ontem, a cesta de produtos denominada como Abrasmercado teve alta de 2,31% na Região Centro-Oeste, chegando a R$ 432,25 – resultado impulsionado sobretudo por Campo Grande. Já a Região Norte apresentou deflação de 0,95% na cesta de itens. “Acreditamos que com a estabilidade do dólar e o controle da inflação o preço da cesta não deve oscilar”, explicou a gerente da GfK, Priscilla Thomé.


Fonte: DCI