Supermercados vão fortalecer inspeção de produtos vendidos

Não só pelas exigências da Anvisa, mas também pela maior atenção dos próprios consumidores. Nos produtos não perecíveis, esse monitoramento é bastante consistente. Já os perecíveis, como frutas, legumes e carnes, o trabalho está no início", explica o superintendente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e líder do Programa de Rastreabilidade e Monitoramento de Alimentos (Rama), Márcio Milan.
A intensificação das medidas de rastreamento se deu através da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 24/2015, uma norma da Anvisa para recolhimento de alimentos e a comunicação à agência, que passou a vigorar em dezembro do ano passado. Segundo Milan, houve um trabalho para elevar o controle sobre os alimentos vendidos desde 2006. Mas só agora, 10 anos depois disso, esse novo projeto vem avançando.
"Em 2017, o monitoramento vai avançar mais. Os varejistas e nós, como entidade, estamos muito atentos ao assunto. Para 2018, esperamos já consolidar o trabalho para que, em 2019, o programa atinja seu ápice." Neste ano, a projeção da Abras é de que o volume de itens rastreados desde a produção até a venda seja de 1,08 milhão de toneladas, 8,3% mais em relação a 2015, quando 1,06 milhão de toneladas de itens foram monitorados (ver gráfico). Agora, o objetivo é que já em 2017 o volume rastreado aumente de forma significativa. O nível de conformidade dos produtos, que comprova que ele chegou à prateleira livre de agrotóxicos proibidos por lei, também terá atenção especial, de acordo com Milan.
Tecnologia necessária
Para que o projeto avance de fato, segundo Milan, serão necessários aportes em tecnologia por parte das varejistas. Isto porque, para que haja o rastreamento total dos produtos, existe a necessidade de equipamentos que façam a leitura do alimento desde a sua origem. No caso dos supermercados, grandes redes como Grupo Pão de Açúcar (GPA) e Walmart, possuem essa capacidade. No entanto, para o pequeno supermercadista a tarefa será mais difícil.
"Nós trabalhamos para que os pequenos varejistas tenham, ao menos, a capacitação e o suporte para trabalhar essas questões. A parte tecnológica realmente demorará um pouco mais para chegar a eles", prevê. Consolidada como uma das grandes redes do País, a Savegnago, que possui 37 unidades no interior de São Paulo, afirma já trabalhar no monitoramento dos alimentos que comercializa em suas lojas, além de ter sido umas das primeiras redes a oferecer, como solução tecnológica, o serviço de self-checkout, onde o próprio cliente consegue atuar, fazendo uso de seu smartphone, como um ponto de venda (PDV).
Segundo Milan, da Abras, a agilidade do atendimento ao consumidor também será uma das tendências do setor para os próximos anos. O autoatendimento, na visão dele, é uma das soluções que devem ser mais utilizadas em larga escala pelas lojas muito em breve.
"O cliente é muito exigente. Ele quer rapidez e qualidade, e nós buscamos entregar isso com algumas soluções como o self-checkout, implantadas e em funcionamento em quase todas as nossas lojas", diz o diretor da rede, Chalim Savegnago.As concorrentes regionais, Rede Confiança, Laranjão e Pague Menos também anunciaram recentemente a implementação do sistema automático de pagamento das compras.
Além da tecnologia, Savegnago afirma que sua rede tem somado esforços para ampliar as soluções voltadas para logística reversa. Em parceria com a indústria, as lojas possuem espaços para coleta seletiva de lixo reciclável. A medida atende uma norma de 2010, conforme resolução da Anvisa. Ao recém-unificar suas bandeiras, a norte-americana Walmart aposta em espaços de compra no formato 'clean', com maiores áreas dedicadas ao fluxo de clientes, sortimento diversificado e, seguindo a tendência do setor, implementação de soluções tecnológicas.
"Vamos trazer muita inovação e soluções de tecnologia para facilitar o dia a dia do consumidor", avisa o presidente do Walmart Brasil, Flavio Cotini. Maior produtividade na área de perecíveis, aliado ao monitoramento dos alimentos, também é um dos focos da rede. "A ideia é criar uma atmosfera de experimentação no setor de perecíveis da loja. Esses produtos são os maiores geradores de tráfego nas unidades", afirma. Pertencentes à companhia americana, as bandeiras BIG e Hiper Bom Preço passam a operar com a marca Walmart.
Outras questões
Outro foco das varejistas nos próximos anos será a diminuição do nível de ruptura. Ou seja, da perda de produtos, que neste ano aumentou em relação a 2015, de acordo com uma pesquisa da NeoGrid. Em setembro deste ano, a ruptura total registrou leve aumento: passou de 9,72%, em agosto, para 9,81%. Para o diretor de relacionamento da NeoGrid, Robson Munhoz, o índice ideal é de 8% ou menos.
Em convenção de setoristas realizada na última semana em Atibaia (SP), representantes e empresários também se comprometeram a fortalecer medidas como a de políticas de logística reversa - que faz parte do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) - outros setores, como de eletrônicos e farmácias, também devem começar seus projetos em 2017.
Fonte: DCI